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Tema: RECLAMAÇÕES

Orgão de imprensa: CORREIO DO BRASIL

Data da notícia: 18-04-1904

Ano:

Número: nº XX

Dia da semana: Segunda-feira

Página: 1

Coluna: XX

Caderno:

Manchete: VENDAGEM DE CARNES

Texto:

Persiste o abuso de se vender carnes verdes em tabuleiros e, de má qualidade e sem peso justo.
Parece-nos que isso, além de prejudicial, é uma transgressão às posturas municipais, que são proibitivas desse comércio ambulante, deixamos a nossa reclamação.

Tema: RECLAMAÇÕES

Orgão de imprensa: CORREIO DO BRASIL

Data da notícia: 25-04-1904

Ano:

Número: nº XX

Dia da semana: Quinta-feira

Página: 1

Coluna: XX

Caderno:

Manchete: COM A POLÍCIA

Texto:

Chamamos a atenção do sr. sub-comissário do distrito da Rua do Paço, a fim de ser posto um paradino e dado um destino qualquer a uma malta de menores vagabundos que se reúnem todas as tardes e noites no adro do convento do Carmo no largo do mesmo, e ruas vizinhas, trazendo em continuo sobressalto as numerosas famílias que aí habitam. Ultimamente esses pequenos garotos e futuros bandidos talvez, entretêm-se em lançar bombas de clorato sobre transeuntes e sobre as casas circunvizinhas, o que não pode ser tolerado por mais tempo.
O foco principal desta perversidade está na existência de uma dessas perigosas “rifas” esta ao lado do inferido convento, onde são vendidas as tais bombas e outros fogos não menos prejudiciais. Esperamos sérias providências do zeloso sub-comissário da Rua do Paço.

Tema: RECLAMAÇÕES

Orgão de imprensa: CORREIO DO BRASIL

Data da notícia: 29-04-1904

Ano:

Número: nº XX

Dia da semana: Sexta-feira

Página: 1

Coluna: XX

Caderno:

Manchete: COM A POLÍCIA

Texto:

Chamamos a atenção do ilustre dr. secretario da segurança pública para o casebre n.5, sito a ladeira da Gameleira, cujos cômodos dos inferiores, verdadeiros cortiços que demandam a todo o momento as visitas da polícia, são ocupados por indivíduos desocupados e mulheres de má vida, que reunidos a outros vagabundos que lhes não são estranhos, divertem-se atirando pedras, garrafas, etc. sobre os telhados fronteiros ao quintal, em plano muito inferior, em puro dano dos proprietários e moradores.
Ainda a poucos dias esses vagabundos levaram alem o seu perverso divertimento disparando um tiro de revolver que ia vitimando um pobre pedreiro que pacificamente trabalhava perto.
Esperamos de s. s. sérias providências para a repressão de tão graves abusos.

Tema: RECLAMAÇÕES

Orgão de imprensa: GAZETA DO POVO

Data da notícia: 20-09-1905

Ano: Ano: 1

Número: nº 49

Dia da semana: Quarta-feira

Página: 1

Coluna: Tribuna dos Reclamantes

Caderno:

Manchete: PRESO E EXPOLIADO

Texto:

Pessoa da família de Joaquim Cerqueira, africano e octogenário, que noticiamos, há tempos, ter estado preso, à ordem do dr. chefe de polícia, por 52 dias, ma estação do 1º distrito de Brotas, sem ser incriminado de culpa alguma, veio hoje a esta redação declarar-nos que, até a esta data, a polícia ainda não restituiu ao velho a quantia de VINTE E OITO MIL RÉIS (28$000) que lhe tiraram do bolso, no ato de ser o mesmo recolhido à prisão.

Tema: RECLAMAÇÕES

Orgão de imprensa: GAZETA DO POVO

Data da notícia: 16-12-1905

Ano: Ano: 1

Número: nº 121

Dia da semana: Sábado

Página: 1

Coluna: 2

Caderno:

Manchete: AMEAÇA DE MORTE

Texto:

Veio ontem ao nosso escritório solicitar-nos apoio à queixa que ia levar às autoridades superiores um cidadão morador no 2º distrito de Brotas, pai de Luciano da Selva Pinto, lavrador, que vive de uma pequena roça naquela freguesia.
Em conseqüência de uma rixa que existe entre Luciano e o crioulo carroceiro conhecido por Francisco Balancê, acha-se o primeiro ameaçado de morte pelo seu inimigo. No dia 13 do corrente, no caminho de Itapoan encontraram-se os dois, e foi isto bastante para que o carroceiro Francisco, brandindo uma foice de que se achava armado, agredisse e picasse o indefeso e inerme Luciano, fazendo-lhe graves ferimentos que o obrigaram a procura o hospital da Misericórdia.
O desolado pai, justamente receoso pela vida do filho tem direito a ser atendido pelas autoridades, e assim é de esperar que suceda.

Tema: RECLAMAÇÕES

Orgão de imprensa: GAZETA DO POVO

Data da notícia: 14-03-1906

Ano: Ano: 2

Número: nº 190

Dia da semana: Quarta-feira

Página:

Coluna: Tribuna dos Reclamantes

Caderno:

Manchete: PRISÃO ILEGAL

Texto:

Há já dez dias, foi preso, no distrito da Sé, o sr. João de Deus, crioulo, vendedor de água, por motivo de se achar alcoolizado.
Remetido para a casa de correção, aquele homem ali ficou de molho por isso que, sendo minimamente pobre, não dispõe de 10$000 para satisfazer às despesas da portaria e da carceragem!
Noticiando esse fato, chamamos para ele a atenção do sr. dr. chefe de polícia, que não pode consentir fique um cidadão qualquer indefinidamente recolhido à cadeia, mercê de sua própria miserabilidade, que o não deixa libertar-se da gana de funcionários exigentes.

Tema: RECLAMAÇÕES

Orgão de imprensa: GAZETA DO POVO

Data da notícia: 04-07-1906

Ano: Ano: 2

Número: nº 211

Dia da semana: Sábado

Página: 1

Coluna: 3

Caderno:

Manchete: CRUELDADE DA POLÍCIA MORTO A FOME NO XADREZ – NO QUARTEL DOS AFLITOS

Texto:

O fato de que ora vamos nos ocupar, que encerra uma crueldade sem nome, nos foi narrado por testemunhas presenciais e esquivadas de toda suspeição.
Na madrugada de anteontem, quinta-feira, faleceu em conseqüência DE FOME, no xadrez do quartel do Regimento Policial, aos Aflitos, o indivíduo Manuel de tal, crioulo, conhecido pela alcunha de Pequeno, e que se achava ali recolhido, CORRECIONALMENTE, por ordem e à disposição do subdelegado do 1º distrito da Vitória.
Preso, por muitos dias, sem receber alimentação de qualidade nenhuma, Manuel em vão invocava a caridade dos soldados detentores, por quanto também estes de há muito não recém\bem o seu minguado XXXXXXX, achando-se, por sua vez, reduzidos à penúria.
No dia de quarta-feira, o desgraçado teve febre: começou a ingerir, a espaços, longos sorvos de água e....para descrever a penissíssima agonia desse infeliz, debatendo-se, XXXXXXXX, nas XXXXXXXXXXXXXXXXXXXX do pior dos abutres - a fome?!
Em 2 ½ horas da madrugada, hora silenciosa, quando a sentinela do xadrez percebeu que o misero faminto já se achava nos últimos XXXXXXX.
Por essa ocasião, os companheiros de cárcere, agrupados em torno do agonizante, reclamavam ao sentinela uma luz para alumiar os últimos momentos de um cristão, que de modo tão tráfico se despedia de uma existência desgraçada.
Foi então, que o sentinela bradou – ÀS ARMAS! E vieram o oficial de estado e a guarda...para assistir apenas ao último arranco do misero faminto.
Quando clareou o dia, veio a padiola, soldados brutos agarraram o cadáver hirto e o sacudiram para dentro dela e a diligência tomou rumo do Hospital de Caridade.
E nada mais. O resto é com sr. dr. chefe de polícia a quem levamos a denúncia desse fato desumano.

Tema: REIVINDICAÇÕES

Orgão de imprensa: A ORDEM

Data da notícia: 24-10-1900

Ano:

Número: nº 83

Dia da semana: Quarta-feira

Página: 3

Coluna: A Pedido

Caderno:

Manchete: AO SR. TENENTE COMISSÁRIO DE POLÍCIA DESTA CIDADE

Texto:

Não podendo, por mais tempo, conservar-me inativo diante das diabretes de uma louca, que me atassalha dia e noite, aproveito-me da imprensa para levar ao conhecimento do sr. Tenente comissário de polícia os meus constrangimentos e pedir à s. s. uma repressão a tão condenável proceder.
Como sabe s. s. e o público, vivo entregue ao labor diurno, esforçando-me para cumprir com os meus múltiplos deveres, sem ofender a ninguém. Mas quase todos os dias sou a vítima escolhida para os ápodos e impropérios de uma mentecapta conhecida por Maria "Zoião", que me tira quase sempre da paz serena do lar de minha família, da qual fazem parte quatro honestas mocinhas, hoje sob a minha proteção, para me pôr em plena rua, curvado à uma chuva intempestiva de ditos soezes, descomposturas horrorosas, acompanhados pelo cortejo negro das obscenidades, as mais monstruosas.
Essa crioula, que o vulgo apelidou de Maria “Zoião”, é uma mulher, que todos conhecem incorrigível. Na vizinhança, ou quase em toda a Rua 13 de Maio, não há família alguma que não tenha o ouvido constantemente ferido pela linguagem libertina dessa despudorada mulher, que a moralidade pública requer que seja encerrada num asilo de alienados.
Eu peço a s. s., sr. Tenente comissário, que, zeloso como tem sido no exercício do cargo que exerce tão dignamente, ponha um cobro aos desmandos da louca Maria "Zoião", para que não esteja de continuo a ofender gratuitamente a mim e a outros pessoas, navalhando o pudor das famílias com a abjeta pronúncia em altas vozes, de termos da baixa crápula.
E se s. s. não quiser atender aos meus rogos, às minhas justas queixas, ver-me-ei na dura necessidade de dirigir-me ao exmo. Sr. Dr. Chefe de segurança pública.

Cachoeira, 22 de outubro de 1900
Feliciano de Cerqueira Couto.

Tema: REIVINDICAÇÕES

Orgão de imprensa: A COISA

Data da notícia: 23-09-1900

Ano: Ano: IV

Número: nº 158

Dia da semana:

Página:

Coluna:

Caderno:

Manchete: UMA TRAMAMOCA

Texto:

Moradores da Ladeira da Piedade chamam a atenção do Exm. Sr. Dr. Chefe de Polícia para uma velha intrigante e mentirosa ali residente com uma terrível menina.
Este é o reduto de todos os vendedores de bicho da Freguesia de São Pedro.
Esta velha é a mesma que surrupiou das mãos do cabra Trajano a quantia de 40$000.
Dizem os filhos da Candinha que esta infame sujeita seduz crianças de família para fins hediondos.
Em casa desta panhera que passa noites inteiras na janela espiando o que se dá na casa alheia, já esteve um sujeito do chapéu mole que a pouco tempo esteve lá, e deixou-lhe 3$500, conforme declarara no jardim da Piedade.
Esta desbriada que é um verdadeiro esqueleto gosta também de praticar crimes dignos da atenção da Polícia.
Oh! Feiticeiras infames, mexedeiras de caborés, o povo sensato desta terra e o canalha também já te conhece bem de perto e bem assim aos teus comparsas Oliveira e o tal vadio de São Miguel.
Terminando Chamamos com insistência, toda a atenção da Polícia para estas caftens.

O bilheteiro.

Tema: REIVINDICAÇÕES

Orgão de imprensa: GAZETA DO POVO

Data da notícia: 23-08-1905

Ano: Ano: 1

Número: nº 27

Dia da semana: Quarta-feira

Página: 1

Coluna: 3

Caderno:

Manchete: PRISÃO DE UM OCTOGÉNARIO Habeas-corpus

Texto:

Em favor do africano octogenário Geraldo Cerqueira, que se acha preso, sem culpa conhecida, no xadrez de Brotas, à ordem do sr. dr. chefe de polícia, foi impetrada, ontem, ordem de Habeas-corpus ao Tribunal de Apelação e Revista.

Tema: RELIGIÃO

Orgão de imprensa: GAZETA DO POVO

Data da notícia: 22-11-1905

Ano: Ano: 1

Número: nº 101

Dia da semana: Quarta-feira

Página: 2

Coluna: 2 e 4

Caderno:

Manchete: A RELIGIÃO DOS NEGROS AMERICANOS

Texto:

De um artigo de F. M. Devenport, estampado em The Contenporany Review, de Londres, extraímos as seguintes observações:
No sul dos Estados Unidos da América os caracteres proeminentes do negro são uma crassa e supersticiosa ignorância, uma imaginação ardente, uma vontade fraca, mesquinho sentimento moral; um pouco melhores são os caracteres mentais e morais na regiões onde se faz sentir a influência de uma oportuna instrução.
O período do cativeiro e o da emancipação despertaram nos negros aspirações e idéias, em razão do que eles entraram a imitar a civilização da raça branca. Muitos negros têm demonstrado e demonstram aptidão para elevados pensamentos e para feitos heróicos. Em geram, porém, não decorreu ainda o tempo suficiente para que se tenha alguma coisa mais do que uma simples superposição de melhores elementos às características hereditárias mentais, sociais e religiosas de toda a raça negra.
De um verdadeiro desenvolvimento mental, bem poucos traços se notam nela. A civilização e as tendências selvagens freqüentemente se reúnem na mesma pessoa, e daí resulta uma flagrante contradição na pensar, na sentir, no obrar.
Há pouco tempo, falando relativamente, os antepassados dos negros norte-americanos usavam ritos primitivos, nas suas práticas religiosas, sobre as costas ocidentais da África. Os navios negreiros que desembarcavam nas plantações de açúcar das Índias Ocidentais, e depois nos Estados Unidos meridionais, introduziam na América um povo saturado de superstições. Os negros praticavam o culto da serpente, reputado como animal sagrado; e nas plantações do sul esse culto se mesclou aos ritos cristãos. Outro tantos sucedeu com o uso das bruxarias.
Quanto são infantis os concepções religiosas dos negros, demonstra-o o desenvolvimento de uma seita de negros baptistas do Alabama, que se reúnem nos bosques em torno do seu pastor, e, imitando os balidos das ovelhas, o seguem até o templo, onde vão ouvir os sermões e receber das mãos dele o pão eucarístico.
A igreja é o único centro social dos negros norte-americanos, e nos Estados Unidos do Sul quase todos os negros, sejam homens, ou mulheres, tomam parte com entusiasmo nas assembléias da sua igreja. O pregador negro é um personagem interessante. Descendente do mago das tribos africanas, ele desde logo se mostrou nas plantações americanas, curando enfermos, fazendo-se interprete do Ignoto, confortando os aflitos, vingando, por meios quase sobrenaturais, as vítimas de qualquer injustiça, tornando-se um campeão de um povo oprimido. Depois passou a ser pastor das sociedades religiosas organizadas pelos negros, e foi não só o guia espiritual de sua raça, mas, também o chefe político, idealista dos dias de festa, oportunista nos de trabalho, e sempre pouco obediente as leis morais, dando assim o exemplo de um homem primitivo em um ambiente moderno.
Os ritos religiosas dos negros são comovedores e sugestivos por excelência. A personalidade do pregador, o som da música religiosa, servem de estimulo à sensibilidade do negro, o qual é em sumo sugestionável.
Davenport teve ocasião de assistir a uma reunião religiosa de negros, no Tennesee, pregador falava com voz monótona e não poucos ouvinte haviam pouco a pouco adormecido. O orador mesmo começava a ceder à influencia do sono, quando um personagem preto se ergueu para dizer: “Acorda-o, acordai-o com gemidos!” O auditório, obedecendo a esta ordem, começou a gemer e a ruivar, primeiramente em voz baixa, depois cada vez mais forte e em coro, com um ritmo tal que todos os presente foram arrastados a um fervor entusiástico, até os que dormiam e tinham sido despertados do sono, até o pregador, que tudo agitando ou movendo, cabeça, braços, pernas, olhos, e berrando mais forte do que o público em ritmo, caiu logo em êxtases. Isto não impediu que os presentes continuassem a sua estranha música em voz cada vez mais alta. Uma mulher se levantou, se destacou do público, se colocou à frente de todos, e aí, do cumulo do seu entusiasmo religioso, rolou no chão, rígida com um cadáver. Ninguém lhe foi dar a mão e todos o invejaram, pois acreditavam que ela naquele momento tivesse visões do mundo invisível.
Um cumulo de sugestão coletiva é o seguinte. Em uma pequena cidade entre Cheveland, Tennesse e Chattanooga, tratava-se de oferecer um mimo ao ministro evangélico de cor preta.
Um fiel, da mesma cor, tomou voluntariamente a incumbência de recolher os fundos necessários. Mas quando tinha apanhado uma bonita quantia, desapareceu de repente, deixando os vítimas na consternação. Passou algum tempo, e, um belo dia, eis que reaparece o tesoureiro infiel. Os seus companheiros de raça e de fé, indignados, resolveram processar, sumariamente o culpado, na igreja, de preferência aos longos tramites legais.
Na dia fixado para o solene julgamento, a igreja estava cheia de negros. O pregador apareceu, proclamando o ato de acusação. Este subiu ao púlpito, e assim falou, com voz contrita: “Na verdade, irmãos, eu sou um miserável pecador. Mas, irmãos, todos nós somos pecadores e o bom Livro manda que perdoemos.
Quantas vezes, irmãos? Sete vezes. Não, setenta vezes sete. Ora, em setenta vezes sete não pequei, e por esta razão voz proponho que esta assembléia seja de perdão. Todo aquele dos presentes que queira perdoar, venha aqui dar-me as mãos cantar comigo os nossos caros hinos sagrados. Dito isto, entoou um poderoso hino, e todos os devotos, um por um, até os mais prejudicados pela sua má ação, aproximaram-se cantando para lhe dar a mão do perdão.
Se invadido por uma alegria são certas manifestações, com o ritmo da voz ou dos pés, o grito, o cair em delíquio. Dar completo desafogo a um afeto por meio de movimentos musculares e rítmicos é em toda parte uma manifestação espontânea das crianças e da raças infantis.
A dança sagrada é muito comum entre os negros embora menos do que entre os Índios. Quando a emoção é muito violenta, a contração dos músculos se torna anormal e produz o delíquio, muito mais freqüente durante as cerimônias religiosas dos negros.
Esse fenômeno é, entre outros, um seguro indicio da vocação de pregador. Até pouco tempo faz, esta vocação entre os negros americanos era comuníssima, tanto como o era superabundante o número de ministros evangélicos. Hoje, com o progredir da civilização e do bem senso, tal número se acha em constante diminuição. Em compensação, há ainda velhos ministros negros que, para conversão do auditório, se baseiam no estrondo rítmico e na excitação hipnótica do seu público: tudo o mai é para eles degeneração.
Há muito tempo, o jejum era entre os negros uma prática preliminar da conversão. O doutor C. C. Walker, de Nova Iorque, distinto pregador negro e homem bastante inteligente e culto, narra sua biografia que ele estava trabalhando numa plantação de algodão quando resolveu “procurar a luz”. Transposto o cercado próximo, internou-se pelos bosques e, sem beber, sem comer, ser ver viva alma, aí ficou por três dias, depois que se sentiu “felizmente convertido”.
O jejuar é para muitos um dura necessidade: mas para o selvagem a fome é um meio de ter sonhos e visões vivazes, de adquirir um quase sobrenatural acuidade de espírito. Deste modo o jejum se torna uma instituição.
Um grande abismo separa da moral da religião dos negros. Há bem pouco tempo, um jornal dos sul dos Estados Unidos estampou este pedaço de sermão de um bispo negro: “Graças à morte e à ressurreição dele, podemos mentir, roubar, profanar as festas, embriagar-mos, jogar ao azar, ter relações sexuais, matar, cometer todas as espécies de torpezas, e, todavia, chegar a Deus sob o guia do nosso Cristo ressuscitado, e entrar no céu.”
O senso ético dos negros se acha nos primeiros estádios de seu desenvolvimento; mas aqui e acolá a obra de simples apóstolos e de nobres instituições tem lançado sobre eles uma fecunda semente que regenerará toda a raça.

Tema: SANÇÕES

Orgão de imprensa: CORREIO DO BRASIL

Data da notícia: 04-02-1904

Ano:

Número: nº XX

Dia da semana: Sábado

Página: 3

Coluna: XX

Caderno:

Manchete: POSTURA

Texto:

Pela intendência deste município, acaba de sancionada a postura municipal, que proíba a vendagens de doces em bandejas e tabuleiros, só permitindo em caixas com folhas de flandres ou caixinhas envidraçadas; outrossim, que é proibitivo iluminar as mesmas com candeeiros de querosene sem cúpula
Foi também sancionada e postura que determinou o fechamento das casas de molhados e tavernas às 2 horas da tarde aos domingos, só podendo conservarem-se abertas as pastelarias ou confeitarias de primeira ordem, bem como as de segunda ordem que tenham bilhar.

Tema: SANÇÕES

Orgão de imprensa: CORREIO DO BRASIL

Data da notícia: 05-10-1904

Ano:

Número: nº XX

Dia da semana: Terça-feira

Página: 2

Coluna: XX

Caderno:

Manchete: 200 BOLOS

Texto:

Por conta e informações de passageiros do vapor “Mayrink”, sabe-se que na povoação de Tabocas, termo de Ilhéus, o Sr. Sá Palácio, alferes da brigada policial e sub-comissário de polícia daquele distrito, acaba de castigar com 200 bolos ao alfaiate de nome João Ornelas, que no dia 6 do corrente queixara-se pessoalmente aos drs. promotor público e juiz de direito da comarca, que prometeram providências.
Provavelmente deve o celebre capitão Galdino, que ali se acha a três anos, servindo de instrumento e praticando depredações, estar muito satisfeito com o novo auxiliar, demãos dadas com os desordeiros de Tabocas e castigando o povo à palmatória.
Com vista ao ilustre dr. chefe da segurança.

Tema: SANÇÕES

Orgão de imprensa: A ORDEM

Data da notícia: 17-02-1910

Ano:

Número: nº 14

Dia da semana: Sábado

Página: 3

Coluna: Avulsas

Caderno:

Manchete: CURIOSO

Texto:

Pública a “Gazeta do Povo”, da Feira de Santana:
“Foi ultimamente julgado pelo júri de vila do Riachão do Jacuípe o réu Porphirio Baptista, acusado de crime de morte que esteve preso nas cadeias desta cidade durante onze anos, e condenado agora no mínimo, viu-se logo por ter já cumprido a pena.
Porphirio, homem de cor preta e fisionomia simpática, entrou analfabeto no cárcere e aí aprendeu a ler e escrever corretamente, por esforço de boa vontade, de modo a ser tido em conta de advogado pelos demais presos, em favor dos quais requeria petições de "habeas-corpus" e mais papeis de direito.”

Tema: TRAVESTIDOS

Orgão de imprensa: A BAÍA

Data da notícia: 09-11-1905

Ano: Ano: X

Número: nº: 2880

Dia da semana: Segunda-feira

Página: 2

Coluna: 6

Caderno:

Manchete: PELO ESTADO

Texto:

CACHOEIRA-{...}
Lemos em A Ordem, esta interessante noticia:
“EM TRAJES DE ADÃO- Neste últimos dias, quer à plena luz meridiana, quer sob as trevas da noite, tem sido visto, lá pelas bandas do Caquende, e no caminho do Tororó, um indivíduo de cor preta, nos mesmos trajes que Adão usava no Paraíso.
Malfeitor que é, constando-nos até ser criminoso de morte, intemente a pessoas do povo, o homem nu, dizem que, armado de faca, apavora os habitantes daquele arrabalde, perseguindo lavandeiras e penetrando em casas nas quais, sabe ele, não mora quem, vestido de calças, lhe ponha cobro de vez à desmedida ousadia.
Certos, já nos não bastavam os homens de saia, e por isso, e para [...] da população ordeira, aparece agora um malvado preto com o azeviche, completamente nu, aterrorizando-a.
Só nos falta bater à porta o lobisomem ou... o cólera-morbus”.

Tema: TRAVESTIDOS

Orgão de imprensa: A BAÍA

Data da notícia: 08-07-1908

Ano: Ano: XIII

Número: nº: 3737

Dia da semana: Sexta-feira

Página: 1

Coluna:

Caderno:

Manchete: OS AMIGOS DO ALHEIO

Texto:

Vestido de mulher - o estivador Manoel Feliciano dos Santos, anteontem, à noite, enfiou-se numas saias de crioula, com o respectivo pano da Costa.
Nesses trajes foi ele encontrado na Rua 28 de Setembro pelo sr. Capitão Cyrillo Gomes dos Santos, inspetor geral do distrito da Sé, e sargento Alípio Amorim de Castro, os quais o levaram para o posto policial, a fim de que lá Manuel dos Santos mudasse de vestes, tomando as próprias do seu sexo.
Em poder do delegado foi encontrado um saco de aniagem provavelmente destinado à coleta do alheio.

Tema: VÍCIOS

Orgão de imprensa: A BAÍA

Data da notícia: 04-07-1903

Ano: Ano: VIII

Número: nº: 2187

Dia da semana: Terça-feira

Página: 2

Coluna: 1

Caderno:

Manchete: COCAÍNOMANIA

Texto:

Um jornal médico norte-americano analisou e divulgou fatos muito curiosos sobre o uso e abuso da cocaína nos Estados Unidos.
A moda parece ter começado entre a gente de cor de Nova Orleans. Há ali uma extraordinária abundância de trabalhadores negros que ganham a vida na carga e descarga dos navios de comércio. O trabalho é pesado e precisa ser feito com a máxima presteza, porque todo tempo que o vapor passa atracado é tempo improdutivo, tempo durante o qual cessa a receita. Nestas condições, o recurso é apelar para o trabalho intensivo.
Acontece muitas vezes que uma turma de negros trabalha durante 70 horas, sem outro descanso a mais do que o que podem ter nos curtos intervalos consagrados à refeição, e sem dormirem. Isso com qualquer tempo, ou caia chuva a pot[ ]s ou faça um calor, de rachar, segundo a fantasia dos elementos. O salário é bom: às vezes sobe a 150 dólares por mês.
O trabalho, porém, é muito rude e os negros não podem fazer-lhe face senão à custa de estimuladores. Eles têm recurso no álcool, mas naturalmente reconheceram que o álcool lhes não valia de muito. Como todos os atletas, profissionais ou amadores, como os ciclistas, alpinistas, verificaram que o álcool, longe de lhes auxiliar a tarefa, tornava-a mais dura, diminuía a sua renda em vez de aumentá-la.
Atiraram-se então à cocaína.
Estas lhes deu o que eles desejavam; sentiram as suas forças avigoradas, a fadiga não os vencia nem mesmo nas tiradas mais violentas. Ao mesmo tempo experimentavam uma agradável insensibilidade a respeito das variações atmosféricas. Que fizesse calor ou frio pouco lhes importava; o termômetro podia descer ou subir quanto quisesse que eles não davam pelas oscilações, tornando-se indiferentes à temperatura.
As vantagens da cocaína foram logo proclamadas pelos negros de Nova Orleans, e os seus semelhantes de outras terras do interior, ouvindo elogiar a droga, tiveram pressa de experimentá-la. De certo as suas necessidades eram Imperiosas, mas, assim mesmo na época da colheita do algodão, os plantadores lutam com grande dificuldade para obter pessoal que realize todo o trabalho a tempo. Em geral recorrem aos serões; e os negros para fazerem esses serões, esse trabalho suplementar, entregaram-se ao uso da cocaína. Ela lhes permite trabalhar mais tempo e ganhar mais: usam-na largamente. Já chegaram até a recusar serviço nas propriedades agrícolas de região onde não encontrem a droga a que se habituaram, de onde resulta que certos cultivadores que outrora mantinham uma venda de álcool são hoje obrigados a ter um deposito de cocaína.
Alguns mesmo distribuem aos seus negros uma dose do preconizado alcalóide.
Ora, como se sabe, a cocaína tem seus inconvenientes, de par com essas incontestáveis vantagens, e porque o abuso de seu emprego produz até a loucura, as autoridades já se puseram em campo. Atualmente se fazem tudo que é possível para restringir o uso dessa substancia e para limitar a sua venda.
Há possibilidades de triunfo contra esse novo flagelo de um hábito perigoso, mas a luta vai ser custosa.
Parece que a cocaína está também tendo largo consumo em Calcutá... Os seus consumidores na Índia encontram-na sob a forma de pastilhas, ou em pó, que mastigam com as folhas da pimenteira.
É de notar que os cocaínomanos de Calcutá não têm a mesma desculpa dos negros de Nova Orleans; são cocaínomanos por prazer, por vicio; não é absolutamente, para facilitar um trabalho fatigante que recorrem ao tóxico. Se, porém, o seu atrativo pelo alcalóide é menos justificado, não cede em intensidade ao dos cocaínomanos de tez um pouco mais escura.

Tema: VÍCIOS

Orgão de imprensa: A BAÍA

Data da notícia: 12-03-1903

Ano: Ano: VIII

Número: nº: 2382

Dia da semana: Quinta-feira

Página: 1

Coluna: 6

Caderno:

Manchete: ALÉM DO MAIS... ESTE

Texto:

À lista dos vícios modernos que se vão propagando em progressões crescentes, sem possibilidade de corretivo,- morfina, cocaína, éter, ópio, vem de juntar-se a ingestão da coroute, explosivo usado na artilharia inglesa, novo flagelo, importado da África Meridional pelas tropas britânicas que regressaram da guerra com os heróicos rurícolas do Transwaal e do Orange.
{...}

Tema: VÍCIOS

Orgão de imprensa: A BAÍA

Data da notícia: 27-03-1906

Ano: Ano: XI

Número: nº: 3039

Dia da semana: Terça-feira

Página: 2

Coluna: 1

Caderno:

Manchete: Penitenciária do Estado {...} AS PRISÕES

Texto:

{...}
Havia ali de tudo, na grande classificação dos criminosos, tendo origem sua maioria no alcoolismo.
A um lado, encarapitado num pilar, está um negro, aparvalhado e desnudo, aos nossos olhos. É um idiota! O álcool tem este efeito, muitas vezes; e não é só no próprio indivíduo que ele enerva os centros emotivos: a hereditariedade torna-se pavorosa no caso vertente.

Tema: VIOLÊNCIA

Orgão de imprensa: A BAÍA

Data da notícia: 01-02-1902

Ano:

Número:

Dia da semana: Quinta-feira

Página:

Coluna:

Caderno:

Manchete: INQUÉRITO

Texto:

Pelo Sr. Julio Gesteira, sub-comissário de polícia do distrito de Nazaré, nesta capital, foi enviado anteontem ao sr. Juiz de direito da 2ª circunscrição criminal o inquérito procedido sobre o covarde assassinato do crioulo Estevam de Freitas praticado por João Joaquim dos Santos, praticado na noite de 25 de dezembro último conforme noticiamos.

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