Tema: RECLAMAÇÕES
Orgão de imprensa: A COISA
Data da notícia: 07-01-1900
Ano: Ano: III
Número: nº 146
Dia da semana:
Página: 4
Coluna: 3
Caderno: Coluna de Aluguel
Manchete: CARTAS PATRIÓTICAS
Texto:
III
Continuação de uma carta de desagravo a Severino Vieira.
Tema: RECLAMAÇÕES
Orgão de imprensa: A COISA
Data da notícia: 05-06-1900
Ano: Ano: III
Número: nº 138
Dia da semana:
Página: 3
Coluna: 1 e 2
Caderno:
Manchete: PROTESTO I
Texto:
Faço meu protesto contra: a politica de meu país, o nivelamento da Boa Vista no inverno, o assei(...) e a carestia dos bondes, as ganhadeiras imundas e trajando quase de nu nas praças e ruas, onde, em qualquer ponto, arvoram um mercadinho, a súcia de bicheiros e jogadores, a devassidão no colégio das filhas de Jerusalém à rua de Palácio como os vizinhos públicos defronte do Triste Horizonte etc., as mentiras de um fiscal fumeiro, a desconcentração Murtinha, a concentração do selo, o selo em tudo quanto é coisa e objeto, a freqüência de um pigmeu de coroa nas tavernas, a barba do Se-b-mol, a dedicação política dos concentristas empregados, a companhia da escuridão, os doutores e bacharéis que por inteligentes não exercem suas profissões, a falsidade de uns correligionários aos outros, os caboclos brancos de palácio, os preços da Igreja de Cristo?!, os correspondentes de certos jornais, o desaparecimento de A Bala, os mercados do Guadalupe e do Accioli, a gravidade da gorducha da rua arquiepiscopal que tem transações com o preto gordo e grande, apesar de velhusca e pertencente ao caboclo da botica lá do comércio que lhe dá coisa sempre, as mamas de uma negra que anda num boteco da rua colegial, a soberania da cumpridora, as crenças-descrenças do Ruy, o dobre dos senos, a ausência de O Corsário, a sodomia no casebre das Vassouras junto ao muro da casa que ficou em ser, a fala do Menguê marceneiro de porta de rua, os candomblés desta terra onde as mulheres vão buscar coisas para os maridos mexendo dia e noite, as pateadas sem graça de estudantes, a traição dos amigos do Velho sai concentração dá o pulo, o preço das casas na cidade e fora dela, as mulatas e brancas sujas da terra, os voduns e sentinelas, os empregados de fé nas casas de jogo, os amigos de quando se tem cobres para dar e emprestar, as vagabundas que vão ao comércio de dia e a noite percorrem as ruas.
R. (...).
Tema: RECLAMAÇÕES
Orgão de imprensa: A COISA
Data da notícia: 23-09-1900
Ano: Ano: IV
Número: nº 158
Dia da semana:
Página: 4
Coluna: 2 e 3
Caderno: Coluna de Aluguel
Manchete: Misérias da Bahia A GRANDE MANIFESTAÇÃO
Texto:
O autor se refere a chegada do “conselheiro dos grandes conselheiros” e da dedicação do intendente em preparar os festejos. Em contrapartida critica a manifestação e o fato dos loucos da Casa de Correção estarem no mais completo abandono. Também critica a desimportância dada aos flagelados da seca do Ceará e louva a atitude de outros estados do sul da República em auxiliar as vítimas da seca. Coloca em questão o comportamento civilizado dos baianos na figura do intendente. Termina o artigo da seguinte forma:
“No entanto o povo desta infeliz Bahia calado e bestificado, como se fosse um povo escravo, asseste a tanta miséria, sem murmurar sequer.
Cerre tudo fecundamente bem...
Estamos em pleno sertão da África – avante sr. intendente!”
Gasparino d’Alva.
Tema: RECLAMAÇÕES
Orgão de imprensa: A COISA
Data da notícia: 23-09-1900
Ano: Ano: IV
Número: nº 158
Dia da semana:
Página: 4
Coluna: 1
Caderno:
Manchete: ROSNA-SE
Texto:
...que os livros de um escrivão que anda em paz na Sé, estão dignos de figurar num “quadro negro”...
Tema: RECLAMAÇÕES
Orgão de imprensa: A COISA
Data da notícia: 11-04-1900
Ano: Ano: IV
Número: nº 164
Dia da semana:
Página: 2
Coluna: 4
Caderno: Notas e curiosidades
Manchete: SANTOS, ADVOGADOS, ORAGOS E PATRONOS
Texto:
ABRAHÃO – 16 de Março; adv. contra o excessivo choro das crianças; o. das parturientes e das amas de leite.
Um curioso.
Tema: RECLAMAÇÕES
Orgão de imprensa: FOIA DOS ROCÊRO
Data da notícia: 14-10-1900
Ano: Ano:1900
Número: nº 42
Dia da semana: Domingo
Página: 2 e 3
Coluna: XXXXXX
Caderno:
Manchete: PORTESTO
Texto:
Eu pru baxo iscrivida, dona de casa de ioiô
Vianna sou pretinha na cou é bem verdade, mas
porém manje nas oção, tenho o qui fazê arris-
ponsave esses branquinho qui diz sê amigos liá
de ioiô Vianna: ioiô Zezinho Freira, ioiô Baran-
dão, ioiô Filuca, ioiô Tutu Rio, ioiô Virgilio
Damazo, ioiô Seabra, e os outo qui tão aqui e
no Rio, pur a má infestação de assubio, de cun-
ferti de difunto, de instrumo de cavalo, de in-
capelamento, de pedrada, de ratos e de outas poi-
quera qui fizêro a meu home
Meu véio bem tava seu assussegado já nas
Oropa, passeando gastando o qui gragatiou no tem-
po qui foi reis governadou e vendo caizas bunita
qu'ele nunca viu, pruque é um home wui nunca
tinha saído daqui; mais porém cumo eles tavon
se vendo no fogo mandaro chamá o véio pra lavantá
a pulitrica, e cumo o povaião já non gostava del-
le, arrecebeu o pobe do meu home d'ua manêra
qu'inté fais vergonha
Ioiô Vianna non caricia nem carece mais d'esse
negoço de puliticaje, pruque, cumo todos sabe, el-
le tem cum qui nois dois passa inté...quondo Deus
fou srivido
Agora Ioiô Vianna memo é curpado, pruque
ele já ta seu véio, pra que anda se metendo
in fundura?
Todos los dias eu raio c'aquele véio: Ioiô
Vianna, dexe-se disso...arreie essa livuzia de
pulitrica...esses seus amigo son farso a vamincê
Oizempro agora ele ta vendo: os moço qui
cumêro cum ele na mêma coité, tão se passando
tudo pra banda do tá senhou Sebirino.
Agora ele feis ma pra se, pruque ioiô
Pipio, ioiô Campo França e outos nunca cumpri-
ro as orde, pra qui non botou pra fora, cumo bo-
tou ioiô Aurélino Liá, ioiô
Caindo Lião e um bando d'eles?
Esses moço nunca tizêro ó menos a deli-
cadêza de jantá ou passá um dia aqui im sant'is-
tevo ou nas Parmêra, pur isso eu sempre dixe
qu'ele tava criando cobra pra lhe mordê
mais, minha gente, ioiô Vianna é um véio de
cabeça dura, qui quondo dá pruã coiza acabaou-se
...
É pur isso qu'eu digo sempre a ele: io-
iô, vaimincê non srivia pra sê casado nem amance-
bado, pruque non toma cunseio de muié: e
s'ele tomace os meu nada l'acunticia, cumo tem
acunticido
Quondo ele me dixe qui quem ia sê o
guvernadou era senhou Sebirino eu logo
arrispliquei a ele: ioiô, vaimcê é amigo do home,
ele tem feito pru se, tanto qui muntas veis qui
vamincê tem tado pra caí ele sempre
l'alevantou, pur isso fale cum ele pra non caí
desse cavalo mago, qui os cofe ta limpo e os pa-
pé cumplicado; apois o home témoso non tumou
meus conseio o inganou:: pobe do moço
Diz o ditado qui quem deve a Nó Senhou
paga ao capeta
cum tudo ido arripito, cumo dona de casa
de ioiô Vianna: os curpado do chou qu'ele
levou foi seus amigo dele
A nigrinha de Sant’Istevo
Sant’Istevo, 10 de Outubro de 1900.
Tema: RECLAMAÇÕES
Orgão de imprensa: FOIA DOS ROCÊRO
Data da notícia: 02-12-1900
Ano: Ano:1900
Número: nº 42
Dia da semana: Domingo
Página: 2
Coluna: Bertulameu e Praxede
Caderno:
Manchete: PORTESTO
Texto:
B. Ou cumpade Praxede!
P. Oi lá seu cumpade!
O qui ai de mais mió no cun-
suante da pulitrica?
B. Oxien! Voincê vem lê as foia?!
P. Home, um pobe rocêro qui
tem obrigação de famia nem pode
cortá nesse traviá da pulitrica,
pruque non vê voincêqui labuta-
ção da roça é zarra?
B. Cumpade Praxede, eu ispri-
vitei nas foia la do Ri Janero, qui
o povaião tá tudo grenado cu tá
Reis Campo Salle
P. Pruvia de que?
B. Home, diz qui é pruque o tá
Campo Salle só qué arruma o mai-
vado do selo dele im riba dos
géno, pra mode eu mais voincê
e os outo da coconé o ta reis prou
cijo e tomá arrêsfresco la pur a
istranja e fazê figuração na ca-
cunda da gente
P. Ah! arrenegado! E de vê
qui quondo ele teve agora na
terra de véio Roca gastou um di-
nheirão.
B.Vi dizê qui gastou pra mais
de dois mile conto, afora os
lambe dedo
outa coiza...Quondo ele tava
pra i simbora iscuieu tudo persuá
de gente da casta aiva pra i dento
do vapou, e antonce botou o nome
no lote do vapou de divisão
branca.
P.Par de Deus! E esse home,
cumpade Bertu, é mais branco
de que os braseêro todo?
B.Home, eu logo vi qu'essas
finduça assim dele, é pruque o
cujo tem mêrma na casteação da
cou.
B.Diz o ditado qui o macaco
nunca oia prou chicote la dele,
e que pur isso non sincherga.
P.Apois, meu senhou, o tá
Campo Salle já tá bromando a
mode coiza qui a mulestra do Pa-
pa-mé tá pegando im tudo quonto
é reis qui guverna o Brasi!
B.É pruque esse [...] é contra-
gioso pra pegá; é qui nem má
da bouba e a bexiga (Ave Maria!
Ave Maria!()
P.S'ele tomá uãs liçãozinha cu
Reis Ratão aqui da Pruvinça,
im méno d'acabá o tempo dele,
tem dinhêro gragatiado cumo
seiscento
e eu non sei cuma ele ainda
non teve a lambrança de salem-
brá de mandá chamá o méste
B.É quondo a Inglaterra chaga
e lambe o Brasi e fica nois qui
nem nêgo cativo trabaiou prou
tá Rotichila.
Tema: RECLAMAÇÕES
Orgão de imprensa: DIÁRIO DE NOTÍCIAS
Data da notícia: 24-01-1900
Ano: Ano: 27
Número: nº 17
Dia da semana: Quarta-feira
Página:
Coluna:
Caderno:
Manchete: MARGENS DO DIQUE
Texto:
Muitas reclamações temos recebido a respeito do modo pouco correto por que procedem lavadeiras e indivíduos que nas margens do Dique se reúnem.
Avaliando em nada o decoro público, manifestam pela incorreção de modos, gestos e linguagem, desconhecimento completo das noções mais elementares de civilidade, de respeito, não só a se próprio, como aos demais.
Fazendo chegar tais descomedimentos ao conhecimento da autoridade competente, nada mais temos a dizer, porque sabemos quanto ela se esforça também servir a causa pública.
Tema: RECLAMAÇÕES
Orgão de imprensa: JORNAL DE NOTÍCIAS
Data da notícia: 18-06-1902
Ano:
Número: nº XX
Dia da semana: Quarta-feira
Página: 2
Coluna: XXXXXXXXXXX
Caderno:
Manchete: À ESPERA DA JUSTIÇA HUMANA_UMA PETIÇÃO Antônio ex-escravo_ Uma petição
Texto:
Simplesmente porque foi implicado num crime do homicídio, a longos 16 anos, nesta capital a disposição das autoridades judiciais, de Santo Antônio de Jesus, o infeliz Antônio, ex-escravo, sem que jamais tivesse sido condenado.
O que sobremodo pasma e revolta a todos que têm ciência deste atentado à liberdade individual, é a circunstância, provocada por documento oficial, de que não existe processo algum que legalize a prisão do desgraçado de que tratamos, o qual, devido à iniqüidade dos homens, tem passado a vida inteira sobre a guante da escravidão.
Ex-escravo, quiçá, uma das muitas vítimas dos negros tempos de barbária, dos quais nos recordamos com horror e vergonha; Antônio, que já cumpriu, preventivamente, uma sentença de 16 anos, por modo e de forma não prevista e nem especificada no código penal, e a quem não aproveitou a brisa cariciosa e boa que o Anjo da Liberdade soprou aos cativos, na luminosa data de 13 de Maio de 1888 torna-se, por isso mesmo, digno, senão da justiça falível dos homens, ao menos da comiseração das almas bem formadas, dos corações educados na prática do bem.
Assim, pois, parece, não será baldado o apelo, que ora fazemos ao sr. conselheiro presidente do tribunal da apelação e revista em prol do ex-escravo Antônio, vítima da incúria dos homens, fazendo s.ex. cessar tal monstruosa anomalia.
Antônio, ex-escravo, foi preso em 1886, em Santo Antônio de Jesus e enviado no, mesmo Ano para a casa de correção desta capital, onde esteve encarregado até 1892, época em que foi transportado para a penitenciaria, em que se acha até a presente data.
Por esforço de reportagem, conseguimos saber que tanto no cartório do escrivão do grande júri de Santo Antônio de Jesus, como no cartório do juiz desta capital e nas secretarias da casa de correção e penitenciaria, nada consta a respeito da prisão do infeliz Antônio.
Sabemos que o Sr. Cosme de Farias, nosso ativo e humanitário repórter, enviou hoje um requerimento, ao sr. presidente do tribunal de apelação e revista solicitando a soltura de Antônio.
Tema: RECLAMAÇÕES
Orgão de imprensa: JORNAL DE NOTÍCIAS
Data da notícia: 18-06-1902
Ano:
Número: nº XX
Dia da semana: Quarta-feira
Página: 1
Coluna: XXXXXXXXXXX
Caderno:
Manchete: ELES
Texto:
Se em outros tempos a polícia precisava duplicar de atividade em relação à gatunagem, atualmente o seu trabalho deve duplicar.
A quem atravessa as nossas ruas não é difícil ver o número de indivíduos sem ocupação, tendo, aliás, necessidade de tudo.
A nossa criadagem, péssima e desconfiada, não tem se quer uma matricula como, pois, a polícia não há de viver todo dia importunada pelas reclamações da imprensa, numa capital onde impera a ociosidade e não há leis de trabalho, nem colônias para os que vivem a delinqüir constantemente?
Temos sobre a mesa noticias de furto que se seria enfadonho enumerar, praticados na estação da estrada de ferro, na Rua da Vala, em bondes do Canela, no bairro do Comércio e até em uma canoa.
Compre à polícia perseguir com atividade essa quadrilha, nova com certeza.
Tema: RECLAMAÇÕES
Orgão de imprensa: JORNAL DE NOTÍCIAS
Data da notícia: 19-06-1902
Ano:
Número: nº XX
Dia da semana: Quinta-feira
Página: 1
Coluna: XXXXXXXXXXX
Caderno:
Manchete: À ESPERA DA JUSTIÇA HUMANA
Texto:
Relativamente a uma reclamação que ontem inserimos, recebemos hoje carta assinada pelo sr. secretario do tribunal de apelação, sr. Salustiano de Carvalho, de ordem do respectivo presidente sr. cons. Spinola, declarando infundadas as informações que nos foram ministradas, _ de não ter o réu Antônio, ex-escravo, processo algum, nem haver sido jamais julgado, _, conforme documento que em copia nos remeteu, e que, por falta de espaço, somente amanhã podemos publicar, cumprindo-lhe acrescentar “que nenhuma petição lhe foi apresentada sobre tal preso,
Agradecemos a consideração desta carta.
Tema: RECLAMAÇÕES
Orgão de imprensa: JORNAL DE NOTÍCIAS
Data da notícia: 04-08-1902
Ano:
Número: nº XX
Dia da semana: Terça-feira
Página: 2
Coluna: Polícia
Caderno:
Manchete: POLÍCIA
Texto:
_Dizem-nos que, no largo d’Ajuda há um grupo de menores vadios e até mesmo de adultos, que se divertem em provocar transeuntes, insultá-los e apedrejá-los!
Com vistas ao sub-comissário da Sé.
Tema: RECLAMAÇÕES
Orgão de imprensa: CORREIO DA TARDE
Data da notícia: 17-11-1902
Ano:
Número: nº XX
Dia da semana: Segunda-feira
Página: 2
Coluna: XX
Caderno:
Manchete: RANCHO
Texto:
Pessoas residentes a Rua do Bispo pedem-nos chamarmos a atenção da autoridade competente para o rancho denominado Rei dos Pássaros, ao núm.29 da mesma rua, pois os pastores e pastorinhas que o constituem procedem de um modo assas perturbador do sossego público e contrario a moral, tanta algazarra que produzem nos tais ensaios, quantas obscenidades praticam.
Não somos contrários às diversões do povo; entretanto queremo-las dentro da ordem e do decoro.
Tema: RECLAMAÇÕES
Orgão de imprensa: CORREIO DO BRASIL
Data da notícia: 28-09-1903
Ano:
Número: nº XX
Dia da semana: Terça-feira
Página: 2
Coluna: XX
Caderno:
Manchete: A PENITENCIÁRIA
Texto:
Chega a nosso conhecimento um fato que merece ser banido de vez da nossa penitenciaria, onde, parece-nos, alei e os regulamentos não foram feitos para todos os infelizes reclusos.
Entre os muitos criminosos ali detidos, figuram o infeliz Antônio, ex-escravo, e Luis da França, os quais já ali estão há mais de 16 anos.
O que é de pasmar é que para estes infelizes (e garantem-nos que não são os únicos) as reformas ultimamente ali introduzidas não passam de um mito, porquanto não freqüentam estes nem as aulas criadas nem as oficinas, com que o Estado dotou aquele presídio.
E dizem os criminalistas que o único meio de regenerar o criminoso é educá-lo no trabalho e na escola!
Na Bahia, porém, assim não entende o Sr. Dr. Governador, unicamente porque ali é proibido que ao infeliz recluso haja um pouco de luz naquela inteligência embotada pelo crime, sendo preferível deixá-lo para um canto estortegar-se nas trevas em que sempre viveu, a dar-lhe um pouco de conhecimento por onde possa ele aquilatar do mal que o arrastou a galé.
É não é isso de admirar, quando até o jornal não tem ingresso na penitenciária!
É o Império das trevas, da ignorância!
_
Apontemos outro fato:
Quando o juiz das execuções criminais, o exmo. Sr. Dr. Leovigildo de Carvalho, todos se devem lembrar que ordenou ele a volta para a penitenciaria de todos os sentenciados que se achavam fora dali, em diferentes misteres pelos quartéis e até em repartições públicas!
Agora, porém, informam-nos de que voltou a moda porquanto, na chácara, que o Estado adquiriu aos Bariris, acham-se em e conseqüentemente em uma certa liberdade, 8 homens saídos da penitenciária, acrescendo a circunstância de que esse 8 infelizes não estavam ali em cumprimento de sentença, porque anda não foram a júri, e sem guardados apenas por segurança.
Aí ficam estes dois fatos que muito depõem do nosso regime penitenciário; queremos crer que o exmo. dr. juiz das exceções criminais não deixará de averiguar do fundamento dessas informações, pela gravidade que elas encerram e pela desmoralização que trazem para nosso nome de civilizados e para as próprias instituições vigentes, tão mal servidas por aqueles mesmos que maiores sacrifícios deveriam empregar pelo seu credito e levantamento moral.
Tema: RECLAMAÇÕES
Orgão de imprensa: CORREIO DA TARDE
Data da notícia: 19-03-1903
Ano:
Número: nº XX
Dia da semana: Quinta-feira
Página: 1
Coluna: Notícias Diversas
Caderno:
Manchete: TURBULENTOS
Texto:
Muito esperamos da atividade do sr. Coronel, sub-comissário da Sé, no sentido de uma estimação da vadiagem atrevida, imoral, relapsa, que se despeja aos grupos pelas ruas da Sé, principalmente na praça do conselho Municipal, onde os transeuntes, velhos, crianças e senhoras têm de ouvir as obscenidades dos garotos audazes, chefiados por Geraldo macaco novo e um tal Peroba.
Tema: RECLAMAÇÕES
Orgão de imprensa: CORREIO DO BRASIL
Data da notícia: 12-10-1903
Ano:
Número: nº XX
Dia da semana: Quinta-feira
Página: 1 e 2
Coluna: XX
Caderno:
Manchete: MUDANÇAS
Texto:
Trata-se aqui de um trecho extraído da coluna diária intitulada Literatura. O trecho selecionado refere-se a um dos motivos que ocasionou a mudança de habitação do personagem principal e sua família; a transgressão moral devido à proximidade de sua residência com um cortiço.
“_Moro num sobrado pelo qual pago dois contos e quatrocentos, tem água, gás, esgoto, tanque para lavar roupa, excelente banheiro... mas infelizmente há um cortiço em frente, que tem sido a causa da desmoralização dos escravos. Ainda ontem mandei para a casa de comissões o Manoel que está um verdadeiro peralta. Estou ansioso por mudar-me.”
Tema: RECLAMAÇÕES
Orgão de imprensa: CORREIO DO BRASIL
Data da notícia: 12-11-1903
Ano:
Número: nº XX
Dia da semana: Sexta-feira
Página: 2
Coluna: XX
Caderno: Literatura
Manchete: MUDANÇAS (Continuação)
Texto:
O prédio, onde se efetua a mudança, torna-se teatro de cenas interessantíssimas e não menos interessantes são também aquelas que se dão na nova casa, onde a família vai instalar-se.
Reina confusão desde a sala de visitas até a cozinha.
O cabeça do casal, suando por todos os poros, ora em pé, ora de cócoras, desarma as camas; o filho mais velho faz a mesma operação nos armários; a mãe arruma as roupas nos baús, cestas e gaviões; os fâmulas põe em movimento todo o arsenal de panelas, facas, colheres, caçarolas, chaleiros, “et reliqua”e tudo isso no meio de grande vozeria.
_As “andorinhas” já estão aí!
_Cuidado com este sofá! Abaixa mais, olha a porta!
Vira para um lado! Assim.
_Quem tirou o parafuso, que eu pus aqui neste instante? Ó negra do diabo, procura-me já o parafuso, senão dou-te cabo da pele!
_Está com nhonhô Quinquin!
(...)
_Estão aí os carregadores de piano.
Duas palavras a respeito da saída do piano.
Este móvel não [deixe em?] casa, como outro qualquer, carregado por dois ou três negros, ou atirado a um canto da andorinha.
Sai este trono, orgulhoso como um cacique do Guarani, lá vai ele ao som de um canto especial, acompanhado a chocalhos, chamando sobre se a atenção dos que passam.
É um gosto ver a maneira por que os tais etíopes exercem tão difícil missão
Quando o da frente move a perna direita, o retrai os quadris, os mesmos movimentos realizam-se nos companheiros com a precisão de uma máquina.
Ao dobrarem uma esquina, enquanto um frisa marcando passo, os outros acelerando os movimentos, traçam grande curva até alcançarem a nova rua.
Onde, porém, se desenvolvem todos os recursos de tática é em frente à casa que tem de receber o piano.
Aí a marchas para a direita e para a esquerda, para traz e para adiante, simulações de ataques contra a porta e recuamentos, sem que o móvel sofra o mais ligeiro abalo.
Esta brincadeira custa ao cabeça do casal dezenas de mil réis, incluindo o que dá aos cantores para “matar o bicho”
Atrás do piano sai a primeira andorinha, atochada de trastes.
Na véspera já tem saído outras tantas.
(Continua)
Tema: RECLAMAÇÕES
Orgão de imprensa: CORREIO DO BRASIL
Data da notícia: 12-04-1903
Ano:
Número: nº XX
Dia da semana: Sexta-feira
Página: 2
Coluna: XX
Caderno:
Manchete:
Texto:
Pedem-nos reclamar da polícia contra uma malta de meninos desocupados, que todas as noites, na Praça 15 de Novembro se entretêm em infernal vozeria, perturbando o sossego das famílias, apupando transeuntes e cometendo outros desatinos.
Tema: RECLAMAÇÕES
Orgão de imprensa: CORREIO DO BRASIL
Data da notícia: 02-11-1904
Ano:
Número: nº XX
Dia da semana: Quinta-feira
Página: 2
Coluna: XX
Caderno:
Manchete: FALTA DE POLICIAMENTO
Texto:
Trouxeram-nos hoje reclamação contra a alta de policiamento no distrito da Penha, onde os gatunos têm feito proezas, como ainda a noite passada, em que furtaram do quintal de uma família residente ao alto do Bonfim roupas, galeras, etc.
Informam-nos ainda que, depois de 10 horas, não se encontra pelas ruas daquele distrito um único policial, pois de ordinário as praças do destacamento se reúnem todas as noites em uma casa a Rua Ramos Queiroz, defronte da fonte do Bonfim e aí levam a sambar, ao som de harmônica e outros instrumentos que são tocados pelos próprios policiais.
Seria dadas as providências, sr. dr. chefe da segurança?
Tema: RECLAMAÇÕES
Orgão de imprensa: CORREIO DO BRASIL
Data da notícia: 03-08-1904
Ano:
Número: nº XX
Dia da semana: Terta-feira
Página: 4
Coluna: XX
Caderno:
Manchete: DESORDENS
Texto:
De novo chamamos atenção do polícia para uma malta de capadócios, que todas as noites reunidos na baixa do Mesquita, ao Tororó, promovem desordem de todas as espécies. Em uma destas últimas noite foi ferida, por um destes, com uma facada no braço, uma pobre mulher.
Esperamos que sejam dadas providências enérgicas, a fim de cessem estes atentados à ordem pública.