Tema:
Orgão de imprensa:
Data da notícia:
Ano Data
Palavra chave (manchete e texto):

* todos os campos são opionais
Resultado da busca:
1477 resultados encontrados
Primeira  Anterior6364656667 Próxima  Última

Tema: POESIAS

Orgão de imprensa: A COISA

Data da notícia: 15-07-1900

Ano: Ano: III

Número: nº 148

Dia da semana:

Página: 4

Coluna: 2

Caderno: Repertorio de “A Coisa”

Manchete: A BOCETA DE RAPÉ LUNDU

Texto:

Eu adoro uma mulata
Que quando está de maré
Me diz com ar que arrebata
Quero dar-te o meu rapé

Ai veneta!...
Ai Maré!...
Oh! Que bela boceta
E que bom rapé.

Às vezes ela me diz
O meu ioiô se quizé
Pode ser muito feliz
Us(...)ndo só meu rapé

Ai Veneta!... etc.

Eu que sou arara
Dou de certo meu sovaco
Por uma boceta cara
Repleta de bom tabaco

Ai veneta!... etc.,

Mas que boceta formosa
É mesmo uma flor até,
Tão bonita e tão cheirosa
Nem parece de rapo.

Ai veneta!... etc.

J. Miranda.

Tema: POESIAS

Orgão de imprensa: A COISA

Data da notícia: 27-07-1900

Ano: Ano: III

Número: nº 150

Dia da semana:

Página: 4

Coluna: 2

Caderno:

Manchete: CROMO

Texto:

Pagode lá dentro. Antônio,
Bem perto da noiva, a Rita,
Mulata grossa e bonita,
Conta histórias do demônio.

De lado uma velha negra,
Que tange os bilros, faz renda;
A avó de Rita se alegra
De ver aquela contenda.

Tumulto fora. Na rua
Fareja a polícia à toa...
Roubaram à noite a perua

Do velho Semões. E um teso
Soldado o noivo abotoa:
Lá se vai o Antônio preso!

( Ext. )

Tema: POESIAS

Orgão de imprensa: A COISA

Data da notícia: 05-08-1900

Ano: Ano: III

Número: nº 151

Dia da semana:

Página: 4

Coluna: 2

Caderno:

Manchete: QUADRAS POPULARES

Texto:

Menina, minha menina,
Põe a mão nas sobrancelhas,
Que do céu te estão caindo
Rosas brancas e vermelhas.

De Minas Gerais – o ouro,
De Montevidéu – a prata,
De Portugal – a rainha,
Do Rio Grande – a mulata.

Tema: POESIAS

Orgão de imprensa: A COISA

Data da notícia: 12-08-1900

Ano: Ano: III

Número: nº 152

Dia da semana:

Página: 2

Coluna: 1

Caderno:

Manchete: UM CASO

Texto:

Era alto o rapaz, um mocetão
Amigo do bordel e do bilhar;
Pelintra até aí, um gabarola,
Um pândego que não tinha onde pousar

Não obstante, meteu-se a requestar
A filha dum ricaço, o “sôr” barão;
Que tinha dez avós de sangue Godo,
Dizia, e se ufanava com razão.

No melhor do prazer o fidalgote
Lobrigou da menina a inclinação;
E acesso em santa ira, furioso,
Prometeu ao “canalha” grã lição.

Era homem de tino. Em uma noite
Vestiu-se de mulher, terna, amorosa;
Pintou a cara, expectorou o peito
E no seio guardou faca pontosa.

A desoras, sabia, o namorado
A bela encontraria no portão;
E aí... trema o céu! A terra! Os mares!
Vingança fica a honra de um barão!

Mas a mucama, que espreitava o velho,
Não quis que o caso fosse além, não quis.
E, então pra coisa acabar em graça,
Fez a pilheria que a história diz:

Um grande mono que em casa havia
Levou pra cerca onde o quintal acaba...
E aí o velho que jurou matar
Teve do bicho seu abraço e baba.
.....................................................
Cinco meses depois o bonifrates
Furtou a bela e a pediu então
- Era justa a recusa; foi negada
Ficando sem ter pai a neta do barão...

P. de Albuquerque.

Tema: POESIAS

Orgão de imprensa: A COISA

Data da notícia: 12-08-1900

Ano: Ano: III

Número: nº 152

Dia da semana:

Página: 2

Coluna: 3

Caderno:

Manchete: TRAÇOS NEGROS

Texto:

Perdido no mar da vida,
Sem ter direito e sem ter pão,
Sento minha alma ferida,
Ferido meu coração.

Da mocidade as quimeras
Muito depressa perdi,
Prazer, risos, primaveras,
Nada disto conheci.

Vagando de tenda em tenda,
Bem como o Judeu da Lenda,
Vivo triste e desprezado...
Vinde, pois, querida morte,
Proteger quem não tem sorte,
Socorrer um desgraçado.

C. de Farias.

Tema: POESIAS

Orgão de imprensa: A COISA

Data da notícia: 16-09-1900

Ano: Ano: IV

Número: nº 157

Dia da semana:

Página: 3

Coluna: 1, 2, 3 e 4 inferiores

Caderno:

Manchete: A CRIOULA BAIANA ( A ISMAEL CABRAL )

Texto:

A mão privilegiada da Natureza parece ter esculturado o seu “feitiço” que é o mimo da “gente”, a “suculência” dos velhos, o “quindim” das moças, o “sussú” da rapaziada, a minha “malemolência”, - a crioula baiana – fiel e dedicada companheira nas agonias e nos prazeres, o consolo sincero, a meiguice no lar, em que ela é anjo de paz.
Não quero pintá-la senão com fino pincel, embora sem arte, mas com jeito, cuidado e inspirado.
Vejo a passar com seu xale custoso, saia engomada, chinela dengosa, calcanhar alvejado, camisa tecida, anéis nos seus dedos, cabelo arranjado com largas pastinhas, a cesta jeitosa à cabeça que prende-se ao rosto mimoso, onde se vê o olhar cintilante de afetos, o riso amoroso que mostra seus dentes de fino marfim, às vezes para o mercado, outras para o comércio, “prendendo”, “atraindo”, “ferindo” minha alma com setas agudas em doce humildade de sua ternura, contente saudar-me de modo gentil que até lhe dou mais do que ela quer.
Ioiô... senhô... vonhecê como’stá? A que tempo não vejo vonhecê,’stá zangado? Tem andado doente? Quem sabe, ioiô, sua negra ofendeu-lhe? Alguma coisa que fez e que d’isso nem sabe?!
E... pedindo um encontro para um caruru ou moqueca gostosa de mulato chegar vai ela faceira mofando das pedras de nossa cidade com o salto roliço de sua chinela.
No samba... que “malemolência”! Ao som da viola da flauta sonora, quem é que não bate palminha, contente vendo a crioula dançar miudinho? Se é dela a casa, onde o “baile” se dá, aposto com a vida, ninguém d’aí sai sem dizer-lhe saudoso: eu vou para casa por não ter outro “jeito”.
Que olhar tentador ela dá na “roda”, faceira “quebrando” o “miúdo”, depois “peneirando” subtil e garbosa vem dar a “umbigada”!
E há quem na “roda” de morenas gentis, louras mocinhas com “ares” de honesta diga manhoso: “não gosto” de negra; de noite cercando, rogando e chorando nas ruas e Becos aos olhos de todos a negra “iaiá”.
Oh! Terna crioula, fada mimosa, que Deus concedeu-me, me dá teu amor, me seduz, me fascina; eu quero na morte que vás a meu tumulo chorar de saudades, levar uma flor.
Se o espaço me desse lugar aqui, melhor eu diria da bela e bondosa crioula baiana – o “feitiço gostoso”, a moqueca asseada, o caruru de sabor lá dentro de casa; ela que traz tão alegre nos ombros mulatinha mimosa, do amor seu produto.

Tiradentes

Tema: POESIAS

Orgão de imprensa: A COISA

Data da notícia: 30-09-1900

Ano: Ano: IV

Número: nº 159

Dia da semana:

Página: 2

Coluna: 4

Caderno:

Manchete: LASCIVA

Texto:

Há nesse corpo ebúrneo, acetinado,
Cheio de carne lúbrica e ferina,
Que enleva em anciãs vis, fere, assassina
Ao louco que se engolfa inebriado.

Banhadas ao negror de vis (...)rgias,
Em noites tenebrosas de loucuras,
As brancas formas sensuais, impuras,
Se ostentam frescas, nuas, luzidias...

Arfam-lhe os seios hirtos, retesados,
De acesa fúria em gozos encarnados;
Os lábios rubros choram, ped(...) beijos.

Enfim, eis nesse corpo estonteante,
Basto de fogo, de lasciva arfante,
“ Satânico instrumento de desejos!”

27 – 7 – 900.
Antônio X. Leal.

Tema: POESIAS

Orgão de imprensa: A COISA

Data da notícia: 10-10-1900

Ano: Ano: IV

Número: nº 160

Dia da semana:

Página: 2

Coluna: 4

Caderno:

Manchete: QUADRA POPULARES

Texto:

Meu amor é uma laje
Que está no meio do mar:
Dá-lhe o bento, dão-lhe as ondas.
Não se move do lugar.

Batatinha quando nasce
Deita rama pelo chão;
Mulatinha quando deita
Bota a mão no coração

Negro preto, cor da noite,
Cabelo de pixaim,
Pelo amor de Deus te peço,
Negro, não olhes pra mim.

Tema: POESIAS

Orgão de imprensa: A COISA

Data da notícia: 14-10-1900

Ano: Ano: IV

Número: nº 161

Dia da semana:

Página: 4

Coluna: 1

Caderno:

Manchete: NO MERCADO ( A Zé Patife)

Texto:

Fui comprar lá no mercado,
Um frango para jantar:
E depois de o encontrar,
Achei-me muito cansado.

Demorei-me ali sentado,
Junto a uma negra, a falar
Dos ovos que vêm por mar;
- Asneiras por atacado –

Chega então um barrigudo,
Com ares de espertalhão;
Parecendo saber tudo.

Balança um ovo na mão...
“ Pra trocá?...” - É- Não senhô,
Sô se for nique, ioiô.

Oregdul Zurc.

Tema: POESIAS

Orgão de imprensa: A COISA

Data da notícia: 21-10-1900

Ano: Ano: IV

Número: nº 162

Dia da semana:

Página: 2

Coluna: 3

Caderno:

Manchete: QUADRA POPULARES

Texto:

Com pena peguei na pena,
Com pena para te escrever,
A pena caiu da mão
Com pena de te não ver.

Do pinheiro nasce a pinha,
Da pinha nasce o pinhão,
Da mulher nasce a firmeza
Do homem a ingratidão.

Olhos pretos, olhos pardos,
Olhos azuis soberanos,
Estas três castas de olhos
Para mim foram tiranos.

Tema: POESIAS

Orgão de imprensa: A COISA

Data da notícia: 11-04-1900

Ano: Ano: IV

Número: nº 164

Dia da semana:

Página:

Coluna:

Caderno:

Manchete: TROÇANDO

Texto:

O Sr. Campos Salles

Este “ branquinho “ de borra,
Que detesta os seus iguais,
Dos gulosos é o guloso,
Tem o estomago ROAZ,

Pretende passar a vida
“ Barbeando” a humanidade,
Passeando todo o dia,
Com partes de “branquidade”

Franceses, russos, cubanos,
Espanhóis e portugueses,
Italianos, austríacos,
E até os próprios ingleses

Todos foram “barbeados”,
Sem dó e sem compaixão,
Pelo Sr. Campos Salles,
O BRANCO desta nação

Se o tal “herói” de São Paulo,
O terrível glutão,
Continuar desta forma
Morrerá de congestão!

Zé Patife.

Tema: POESIAS

Orgão de imprensa: A COISA

Data da notícia: 11-04-1900

Ano: Ano: IV

Número: nº 164

Dia da semana:

Página: 3

Coluna: 3

Caderno:

Manchete: TUDO É

Texto:

(Trata-se de um poema escrito por K. Vaquinho. Fala sobre a capacidade de todos serem poetas. Destaque para os versos:)

O branco, preto, ou mulato,
...........................................
..........................................
O cristão, mouro ou judeu,

Tema: POESIAS

Orgão de imprensa: FOIA DOS ROCERO

Data da notícia: 11-11-1900

Ano: Ano: 1900

Número: nº XX

Dia da semana: Domingo

Página: 2

Coluna: A Gaita Mateira

Caderno:

Manchete: A GAITA MATEIRA

Texto:

Já tá cum ano passado
Na isquina Catirina
Gente corria quá viado
A fazê cocô e urina
Quondo viu a sordadêra,
Corre, corre nas carrêra,
Só caçando fazê briga,
Matando o povo de gente,
Sem tê dó dos inucente,
Cuma qui fosse frumiga

Um pobe inscuro na cou
Pur as bala foi pegado
Coitado, lá imbaicou
Pra cidade d'oio fechado

Um caxêro de Catirina
Cum tanto pressa e pavou,
No rêgo da porta o dêdo
Dum nêgo fora rancou

Um pobe fessou, d'insená
Lêtas e cibras a nois
As musquêta nele feis: tá
E caiu na porta do Gois

Moços bom, considerado
De famia e de ocção
Preso cum fome e surrado
Pra se ganhá inleição

E quem foi esse farsêro
Qui tanto má inspaiou?
Foi o Lulu Cunseêro
Qu'essa terra governou


Cum isso, Lulu arrenegado,
O povo im quorqué monção
Do teu couro, maivado,
Hái de fazê um surrão

Zeca Guitero

Tema: POESIAS

Orgão de imprensa: CORREIO DE NOTÍCIAS

Data da notícia: 02-09-1900

Ano: Ano: XXX

Número:

Dia da semana: Sábado

Página: 2

Coluna: 1

Caderno:

Manchete:

Texto:

A ausência do conselho mirim
Para onde foi de repente o tal conselho inventado
Acaso estará doente
Quem sabe se algum vivente
Com inveja botou-lhe olhado.

Se olhado foi com certeza
O cofre é que fez usura
Deve ser grade a riqueza
Dos munícipes não cura.

Sendo olhado facilmente
Fica bom não sofri mais
Para curar o doente
É um remédio excelente
Benzedura do Novais.

Vive o povo lamentando.
Não ver o seu afinim
Bisonho, triste, chorando,
Noite e dia perguntando
Pelo conselho mirim

A fictos e gemebundos
Os concentristas dão ais
Revolvendo céus e mundos
Pensando em Tantú, novais.

Dizem até mas não creio,
Que o meu querido Nônô
Com muito medo e receio
A um candomblé logo veio
Consultar papai Ojô.

E que o preto consultando
Falou: Ioiô, voincê
Cum galinha depenada
Azeite, mio torrado
Fai cosei aparecê
Entretanto até agora
Nem conselho nem fora
O conselho foi-se embora?
Mintio o apai ojô

Tema: POESIAS

Orgão de imprensa: JORNAL DE NOTÍCIAS

Data da notícia: 16-05-1900

Ano: Ano: XXI

Número: nº: 66092

Dia da semana:

Página: 1

Coluna: Editorial

Caderno:

Manchete: 13 DE MAIO

Texto:

Salve _ oh! Pomba Divina,
Filha de Cristo, hoje salve!...
De Treze de Maio à festa
Levantemos um altar!...
Veio a pomba da floresta
Que nos quis iluminar.
Tirou da asa a pena de ouro
Entrelaçada de loiro
Pra extinguir a escravidão,
E percorrendo o horizonte
Coroava a sua fronte
Um pedaço de grilhão.

Ontem _ lúgubre senzala;
Hoje _ o mais pomposo lar;
Ontem _ prantos, hoje gala;
A orquestra rompe no ar.
Da Liberdade o poema
Dos pulsos quebrou a algema
Da mais negra escravidão.
Não mais do feitor o grito,
Nem mais estalo maldito
Do relho sem compaixão!

Humana carne vendida
Da miséria no balcão,
Era qual mulher perdida
No catre da ostentação.
Imenso dinheiro de ouro,
Tirado à bolsa de couro
Fez a África chorar;
Vendo seus filhos, coitados,
Todos, todos arrastados,
Em lotes, por alto mar.

Em vez de um leito macio,
Tinha o solo pra dormir,
Resfriado pelo rio,
Sem dele poder fugir.
Da ventania as rajadas
Pelas paredes gretadas
Entravam doidas demais
Na hora em que o pobre escravo
Sonhava ser livre e bravo
Beijando a família e os pais.

Era de mais que roia
O cancro da escravidão
Nas convulsões da agonia,
Nas torturas da aflição,
Chumbado ao poste da sorte,
Em anciãs, pedia a morte
Pela vida que passou
O escravo, em tanto trabalho
Sem uma gota de orvalho
Que a alvorada bafejou.

Dos engenhos _ instrumento,
Movido sem compaixão,
Da força pelo elemento,
Nas cavernas da opressão.
De cada boca saltava
Sem blasfêmias para Deus.
Mas, cruel sociedade,
À face da liberdade
Atirada os seus labéus.
A liberdade sorrindo
Deixava ouvir sua voz,
Da Pátria ao hino mais lindo
Ao som da brisa veloz;
Disse em meio de convivas
Do entusiasmo no vivas
A Liberdade de pé;
_ A escravidão foi extinta
Com uma gota de tinta
Para mais ardor e fé.

Desapareceram as noites
De continuo temporal,
Dos ventos por todo val.
A todos a entrada é franca,
Hoje a porta não se tranca
Ao mais pobre cidadão,
Porque arvore bendita
Matou a vil parasita
Que esfacelava a Nação.

De Treze de Maio _ a data
Por entre arcadas de luz
Banha a brasília cascata
Que cai dos montes azuis.
De perfumes se embriaga
A Liberdade da multidão.
O Norte e o Sul abraçados
Entoam carmes sagrados
No Te-Deum da Criação.

13-5-1900

Selva Senna

Tema: POESIAS

Orgão de imprensa: CORREIO DA TARDE

Data da notícia: 05-11-1903

Ano:

Número: nº XX

Dia da semana: Segunda-feira

Página: 2

Coluna: Política da Bahia

Caderno:

Manchete: VATAPÁ BAIANO

Texto:

Já ferve em grande panela.
O vatapá da Bahia.
A comissão já revela.
Quem vencerá na porfia.
Felix Gaspar se concentra.
Afirma Tourinho que entra.
A frente da baianada.

Já não falta um tempero,
Quiabo verde, gostoso,
E dizem ser o Jambeiro.
Um tempero saboroso,
Mas eu que sou entendido,
Afirmo para ser criado,
Que de longe enxerga fino,
Sente o gosto da pimenta.
Marius

Tema: POESIAS

Orgão de imprensa: JORNAL DE NOTÍCIAS

Data da notícia: 05-12-1903

Ano: Ano: XXIV

Número: nº: 6979

Dia da semana:

Página: 1

Coluna: Editorial

Caderno:

Manchete: TREZE DE MAIO

Texto:

Rompe a aurora abençoada
Dourando o país inteiro...
Bendita, linda alvorada
Valendo o grande Cruzeiro!
Essa luz que vem de cima
A mesma que nos ilumina
A mesma do nosso sol
É qual luzeiro bendito,
Que nós olhamos contrito
Do americano lençol.

A lira do heróico vate
Deu a nota triunfa,
Profetizando o remote
Do despotismo Real...
Honra e glória a Castro Alves,
Credor dos supremos Salves
Na voz da livre Nação...
Ao crente rendendo o culto
Fazemos justiça ao vulto
Do Cristo da Redenção!

Surge aurora imaculada,
Na tela da Pátria brilha,
Como fizeste estrelada
Mostrando a Colombo a Ilha.
Cuba, Heroína formosa,
Foste da Espanha raivosa
A presa envolta no pó.
Prova ao mundo que na guerra
Jamais o tirano aterra
A força de um povo só!
Rompe as trevas do passado
Verás a mesma bandeira
Sempre indomável, guerreira!
Surgindo dos descampados.
Já não se escutamos magoados
Gemidos da escravidão;
Mas rutila em toda parte
Esse ouri-verde estandarte,
Cobrindo a livre nação!

No altar dessa luz sagrada
Prestemos um juramento...
Ao brilho, sem, da alvorada
Unamo-nos no pensamento.
Sesutr’ora tribo, colônia,
Do mundo nova a Polônia
Sujeita a estranho Senhor;
Agora o Brasil altivo
Já não se chama cativo
Mas o arrojado Condor!

Bahia, maio de 1903.
Francisco Leiria

Tema: POESIAS

Orgão de imprensa: CORREIO DO BRASIL

Data da notícia: 25-05-1904

Ano:

Número: nº XX

Dia da semana: Quarta-feira

Página: 2

Coluna: XX

Caderno:

Manchete: VIOLÃO BREJEIRO

Texto:

Felizmente desta vez
Sai afinal o Vieira
Da governança do Estado,
Dias só faltam três
Pra largar a mamadeira

D. Severino dorminhoco
Vai agora pernoitar pensando em nov [nova?] maná
Não achará tempo pouco
Pra arranjar outro lugar
Na terra do Vatapá
[...]

Tema: POESIAS

Orgão de imprensa: CORREIO DO BRASIL

Data da notícia: 21-06-1904

Ano:

Número: nº XX

Dia da semana: Terça-feira

Página: 1

Coluna: XX

Caderno:

Manchete: VIOLÃO BREJEIRO

Texto:

Urra! Oh! que alegria
Tenho em mim oh! caro es-
Pia

Sem saber mesmo porque
Tenho um prazer d'espa-
vento

O tempo bem me promete
Dos dias só faltam sete
Para você ir saindo
Eu só espero ansioso
Ver você, meu guloso
Sai do governo dormindo

Você tem tanta soneira,
Meu caro amigo Vieira,
Que me faz certo receio
Já cismei até um dia
Ser isto feitiçaria.
Por ser você muito feio!...

Será sem cerimônia
Agora vais ter insônia
Com certeza, meu Vieira,
Você mamou no deleite
Mas... ficou sem mamadeira

O seu governo acabado:
Ficarás bem desmamado!

Papagaio

Tema: POESIAS

Orgão de imprensa: GAZETA DO POVO

Data da notícia: 27-07-1905

Ano: Ano: 1

Número: nº 5

Dia da semana: Quinta-feira

Página: 1

Coluna: Tangos e Fandangos

Caderno:

Manchete:

Texto:

Joaquim Procópio de Moraes Barroso,
Herói deste soneto,

Era um negro pedante e palavroso
Que branco fora se não fosse preto.
Todas as tardes, em cavalo airoso,
De alvura deslumbrante e andar faceto,

Percorria a cidade, donairoso
Qual de Bocage em celebre terceto.

Um dia, ele passava, em rude tranco
Quando uma voz, frenética de abalo,
Diz: “– Negro, apeia do cavalo branco!”

Mas Barroso, - quem há de imaginá-lo?
Responde in-contente, altivo e franco,
“– Não me culpem de o branco seu cavalo!”
Zé do Povo

Primeira  Anterior6364656667 Próxima  Última
  •   créditos
login