Tema: NASCIMENTO
Orgão de imprensa: FOIA DOS ROCÊRO
Data da notícia: 02-12-1900
Ano: 1900
Número: n. XX
Dia da semana: Domingo
Página: 2
Coluna: Respondença de Fora
Caderno:
Manchete: UM UFIÇO URIGINÁ
Texto:
Ilmo sr. subdelegado
Além disso V.S, não me arremeteu-me o outro trans-
lado das propostas que eu arrifuguei,
Neste cumemos veio aqui o Insapetou sabê se
devia ezercê o calgo.
Eu dixe qui ezercece se quizece sabê nange queu o
mandace a ele, nas preposta eu não me invor-
via, eles se não arrifugace, ficava o negoço im pé
Segunda feira quondo Vmce aqui insteve, não me
veio a atrivida parteira, quem mandei prendêla;
mais foi vmce sair foi deus servido
a nega dara lus nas suas costas um moleque
maxo bem luzido
Quondo vié as respostas Vmce faça alumiação,
e os metalogo no calgo de izerciço de ins-
petou purque não quero istrovengar no municipo da
minha duminação
N.B._Diga a cumadre Jusefa qui mande bus-
cá o bacurinho que já está bom de tirar do peito da
màe
O delegado G.G.
Tema: POESIAS
Orgão de imprensa: A BAÍA
Data da notícia: 24-01-1903
Ano: Ano: VIII
Número: nº: 2128
Dia da semana: Sábado
Página: 1
Coluna:
Caderno:
Manchete: SALÃO AZUL CORTESÃO
Texto:
Da moda escrava, escolhe figurino;
Talha em blond um vestido de cor de opala,
E no decote, onde a volúpia fala,
Deixa indeciso o seio alabastrino.
Empresta um riso ao lábio purpurino;
Ajeita a calda que no chão resvala,
Há festa em torno àquela roxa sala;
Dá-me teu braço, vamos ao cassino!
É mesmo assim que o mundo te deseja:
Nessa eclosão de lúbricas quimeras,
Hoje te aclama... logo te apedreja...
Açula a carne, ensaia uma figura,
Eis ali o teu par, que mais esperas?
Dança... que eu toco a valsa da loucura!
Tema: POESIAS
Orgão de imprensa: A BAÍA
Data da notícia: 27-01-1903
Ano: Ano: VIII
Número: nº: 2130
Dia da semana: Terça-feira
Página: 1
Coluna: 4
Caderno:
Manchete: DISTRAÇÕES
Texto:
Certo fazendeiro chamou um preto e disse-lhe:
- Vai comprar uma caixa de pãezinhos que dão fogo: tu sabes o que é?
- Iô sabe, se seô: disse o africano, chama...chama forofo.
Qual forofo, besta, é fosque.
Tema: POESIAS
Orgão de imprensa: A BAÍA
Data da notícia: 28-01-1903
Ano: Ano: VIII
Número: nº: 2131
Dia da semana: Quarta-feira
Página: 1
Coluna: 2
Caderno:
Manchete: DISTRAÇÕES
Texto:
As minhas mágoas, morena,
Não mais tentes consolar,
Não me escrevas, tua penha,
Para mim deves quebrar,
O que valem tuas juras,
Os teus protestos de amor?
Sãs frases falsas, perjuras,
Pra mim não têm valor.
Tema: POESIAS
Orgão de imprensa: A BAÍA
Data da notícia: 04-02-1903
Ano: Ano: VIII
Número: nº: 2136
Dia da semana: Quarta-feira
Página: 1
Coluna: 4
Caderno:
Manchete: DISTRAÇÕES
Texto:
Porque tu teimas querida?
Porque choram olhos teus?
Aos dissabores da vida
Não fugiu o próprio Deus
Se não te amo morena,
Porque andas a chorar?
Despreza de vez, sem pena
A quem não sabe te amar.
Tema: POESIAS
Orgão de imprensa: A BAÍA
Data da notícia: 13-02-1903
Ano: Ano: VIII
Número: nº: 2144
Dia da semana: Sexta-feira
Página: 1
Coluna: 2
Caderno:
Manchete: COLABORAÇÃO Questão de critica
Texto:
“No decorrer desta matéria, está inserido o seguinte poema:”
O desumano pai jogou-o à água,
O cobiçoso inglês explora a África.
Sobre o mar flutuava morta a águia,
O rigoroso inverno afia a arvore.
O marcial ardor deu glória a Annibal,
O feroz Gengiz-Kan veio da A.
Tema: POESIAS
Orgão de imprensa: A BAÍA
Data da notícia: 25-04-1903
Ano: Ano: VIII
Número: nº: 2201
Dia da semana: Sábado
Página: 1
Coluna: 6
Caderno:
Manchete: DISTRAÇÕES
Texto:
Em sonhos vi-te, morena,
Oh! Que ventura sem par,
A tua boca pequena
Vezes mil pude beijar.
Mas, foi apenas um sonho,
Desfez-se quando acordei
Recordei tempo risonho
Aquele tempo que amei.
Tema: POESIAS
Orgão de imprensa: A BAÍA
Data da notícia: 28-04-1903
Ano: Ano: VIII
Número: nº: 2204
Dia da semana: Terça-feira
Página: 1
Coluna: 2
Caderno: Literatura
Manchete: CANTARES
Texto:
Era quando se descerra
A loira luz da manhã
Cantavam aves na terra
Quando nasceu minha irmã!...
Risos flores e cantares,
Naquela doce manhã,
Aves cantando nos ares,
Quando nasceu minha irmã
Minha irmã era morena,
Como as filhas do sertão,
Sua boca era pequena,
Como uma rosa em botão
Mas quando a lua bonita
Eu vejo brilhar no além
Me lembro da pobresita
Que já não é mais ninguém!...
Era da noite a calada,
Quando Maria morreu,
Em nuvens amortalhada
Andava a lua no céu!...
Tema: POESIAS
Orgão de imprensa: A BAÍA
Data da notícia: 28-04-1903
Ano: Ano: VIII
Número: nº: 2204
Dia da semana: Terça-feira
Página: 1
Coluna: 5
Caderno:
Manchete: DISTRAÇÕES
Texto:
Fiar-me em ti, que loucura!
É impossível morena.
Não esqueço a desventura
Que me causaste sem pena.
Os teus protestos, querida,
Eu já não posso aceitar,
Ainda tenho ferida
Que não mais quero agravar.
Tema: POESIAS
Orgão de imprensa: A BAÍA
Data da notícia: 12-05-1903
Ano: Ano: VIII
Número: nº: 2216
Dia da semana: Terça-feira
Página: 2
Coluna: 1
Caderno:
Manchete: DISTRAÇÕES
Texto:
– Olha, mamãe, o jornal diz que vão agora mais dois exploradores para a África.
– E que te dá disso?
– É porque a geografia ainda vai ficar maior…
Tema: POESIAS
Orgão de imprensa: A BAÍA
Data da notícia: 08-08-1903
Ano: Ano: VIII
Número: nº: 2286
Dia da semana: Sábado
Página: 1
Coluna: 4
Caderno:
Manchete: PANOPLIA (Sonetos Brasileiros) VIII AFRICANO
Texto:
Costuma estar ao sol, em pé junto à porteira
Da fazenda, onde escravo arrastou a vida.
De um dos olhos é cego, e já do outro a cegueira
Lhe vai guardando à face a pálpebra caída
Do corpo seminu a pele entanguida
A ossada secular se esboça quase inteira
E a aparência ele tem remota e denegrida
De um tronco solitário em queimada clareira.
Dizem que ensandeceu de dor, no mesmo dia
Em que morreu seu dono; outros de nostalgia;
Outros, que é feiticeiro e simula mudez
Porque às vezes lhe advêm súbita vida estranha,
E ele fala e descanta e risos arreganha
E ágil ginga no jongo ao batuque dos pés.
Tema: POESIAS
Orgão de imprensa: A BAÍA
Data da notícia: 22-08-1903
Ano: Ano: VIII
Número: nº: 2296
Dia da semana: Sábado
Página: 1
Coluna: 3
Caderno:
Manchete: LITERATURA
Texto:
A cruz dizia à terra onde assentava.
Ao vale obscuro, ao monte áspero e mudo;
Que és tu abismo e jaula, aonde tudo
Vive na dor e em luta cega e brava?
Sempre em trabalho, condenada escrava,
Que fazes tu de grande e bom, contudo?
Resignada, és só lodo e informe e rudo;
Revoltosa, és só fogo e hórrida lava...
Mas a mim não há alta e livre serra
Que me possa igualar!..., firmeza
Sou eu só; sou a paz, tu és a guerra!
Sou o espírito, a luz!... Tu és tristeza
Oh lado escuro, e vil! - Porém a terra
Respondeu: Cruz, eu sou a Natureza!
Tema: POESIAS
Orgão de imprensa: A BAÍA
Data da notícia: 23-08-1905
Ano: Ano:X
Número: nº: 2866
Dia da semana: Quarta-feira
Página: 2
Coluna: 3
Caderno:
Manchete: A LIBERDADE
Texto:
Banida por ingratos lá na Europa
Vim, de bom grado procurar asilo
No solo americano,
Que fez-me trepidar, não foi a negra
Catadura do infame despotismo
Que impeliu-me a buscar novos climas
Do novo continente.
Perante as hostes de servis escravos
Eu jamais vacilei! Farta de sangue.
Tema: POESIAS
Orgão de imprensa: A ORDEM
Data da notícia: 06-06-1900
Ano:
Número: nº 44
Dia da semana: Quarta-feira
Página: 1
Coluna:
Caderno:
Manchete: MACDALA
Texto:
Morena, baixa e magra. Delicada
Como o jasmim e a flor da laranjeira!
Vendo-a gentil, vetusta e feiticeira,
Denominaram-na – celeste fada!
É meiga no sorrir, no andar faceira,
Possui no olhar fulgores de alvorada!
E à vespertina brisa, mansa e alada,
Costuma desnastrar a cabeleira.
Para ter a seus pés de altiva e casta
Um coração qualquer somente bata
Enchê-lo de luar dos olhos pretos!
É tão pulcra, mimosa e encantadora,
Que vou cingir a fronte cismadora
De uma grinalda feita de sonetos!
Bahia – maio de 1900
(Dos Arabescos) José Chagas
Tema: POESIAS
Orgão de imprensa: A COISA
Data da notícia: 11-02-1900
Ano: Ano: III
Número: nº 126
Dia da semana:
Página: 3
Coluna:
Caderno: Repertorio de “A Coisa”
Manchete: CANÇÃO
Texto:
(A partir desta edição o jornal aumenta de tamanho, ou, utilizando palavras dos próprios redatores, “incha”.)
I
Mostram-me um dia na roça dançando
Mestiça formosa de olhar azougado
Com um lenço de cores no seio cruzado,
Nos lobos da orelha pingentes de prata.
Que viva mulata!
Por ela o feitor
Diziam que andava perdido de amor.
II
De em torno dez léguas da vasta fazenda
A vê-la corriam gentis amadores.
Abrindo seus lábios de cor escarlata,
E aos ditos galantes de finos amores,
Sorria a mulata
Por quem o feitor
Nutria quimeras e sonhos de amor.
III
Um pobre mascate, que em noite de lua
Cantava modinhas, lundus magoados,
Amando a faceira dos olhos rasgados,
Ousou confessar-lho com voz timorata...
Amaste-o mulata!
E o triste feitor
Chorava na sombra perdido de amor.
IV
Um dia encontraram na escura senzala
O catre da bela mucama vazio;
Embalde recortam pirogas o rio,
Embalde a procuram nas sombras da mata.
Fugira a mulata,
Por quem o feitor
Se foi definhando, perdido de amor.
Gonçalves Crespo.
Tema: POESIAS
Orgão de imprensa: A COISA
Data da notícia: 18-02-1900
Ano: Ano: III
Número:
Dia da semana:
Página: 4
Coluna: 1
Caderno:
Manchete: AZULEJOS
Texto:
Quebra, morena, requebra,
Desconjunta esse quadril,
Que a mulata quando dança
Tira logo sem fuzil.
Tema: POESIAS
Orgão de imprensa: A COISA
Data da notícia: 01-04-1900
Ano: Ano: III
Número: nº 133
Dia da semana:
Página: 3
Coluna: 2
Caderno:
Manchete:
Texto:
Há um poema escrito por Cosme de Farias na coluna “Repertório de A Coisa”.
Tema: POESIAS
Orgão de imprensa: A COISA
Data da notícia: 01-04-1900
Ano: Ano: III
Número: nº 133
Dia da semana:
Página: 3
Coluna: 2
Caderno:
Manchete: EPIGRAMAS 13
Texto:
Confessar-se foi Armando
A um outro padre, prior:
- “Ai! Da gula no desmando
Tenho o pecado maior!”
O prior: - “Atrai coriscos
Seu negro pecado, amigo!...
Quando tiver bons petiscos
Reparta sempre comigo.”
Genipapo.
( Do Orbe.
Tema: POESIAS
Orgão de imprensa: A COISA
Data da notícia: 01-04-1900
Ano: Ano: III
Número: nº 133
Dia da semana:
Página: 2
Coluna: 2
Caderno:
Manchete: MOTE GLOSA
Texto:
Marido de gia é sapo
Pano no mastro é bandeira,
Retalho de pano e trapo,
Mulher de veado é corsa,
Marido de gia è sapo.
Cigano rouba cavalo,
Mulato tem “jenipapo”,
Negro tresanda a catinga,
Marido de gia é sapo.
Tema: POESIAS
Orgão de imprensa: A COISA
Data da notícia: 01-07-1900
Ano: Ano: III
Número: nº 146
Dia da semana:
Página: 3
Coluna: 4
Caderno:
Manchete: MOTE Borracha é coisa que espicha GLOSAS
Texto:
Briga de negro é lubamba,
Luta de garoto é rixa,
O brim é coisa que encolhe,
Borracha é coisa que espicha.
Aqui torce a porca o rabo,
Quando ela não for rabicha,
A minhoca cresce e míngua,
Borracha é coisa que espicha.